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Meia-Noite em Paris: irresistível!

O que parece banal e sem importância hoje pode, com o passar do tempo, tornar-se algo de grande valor para outra geração, ou para você mesmo. Essa afirmação poderia tratar-se da vida, de uma obra de arte, ou de ambos.

A arte ainda é um mistério para a maioria das pessoas. Isso ocorre porque a apreciação cultural não parece estar entre as prioridades das famílias. Dar um livro de presente, ouvir uma música diferente das que tocam no rádio, mostrar uma pintura e instigar a criança a dizer o que vê. E o artista permanece esse ser divino, dotado de um dom o qual poucos têm acesso.

Imaginem se fosse possível viver a arte? Conversar com os gênios de igual para igual, conhecer os segredos – picantes ou não – de suas vidas e de seus processos de criação? Seria bem mais divertido do que teorizar sobre um quadro na parede ou sobre aquele livro enorme que todo mundo diz que você precisa ler antes de morrer.

Crítica do filme Meia Noite em ParisPor essas razões, assistir a Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011), que acaba de sair em DVD, pode trazer duas experiências distintas. Uma, de que você precisa saber mais sobre o mundo das artes. A outra, que você parece sempre estar em outro tempo, que não o presente.

Em linhas gerais, o filme escrito e dirigido por Woody Allen, conta a história de Gil Pender (Owen Wilson), um roteirista requisitado e muito bem-sucedido de Hollywood que aspira escrever, como ele mesmo diz, literatura de verdade. Paris é sua fantasia e, aparentemente, o lugar perfeito para artistas como ele. Gil não se conforma em ter encontrado a fórmula do sucesso. Pelo contrário, inquieta-se, como a própria arte não se contenta com o conforto. Busca alento em um sentimento constante de nostalgia, de que outras épocas eram melhores. Sua noiva, Inez (Rachel McAdams), entretanto, não concorda com isso. Aliás, ela não concorda com nada. Woody Allen deixou tão claro que ela é uma chata, que se torna difícil acreditar que ambos estão apaixonados. A virada ocorre quando as doze badaladas da meia-noite ecoam pela cidade-luz e Gil embarca, de carona, em uma improvável e irresistível viagem no tempo. Será?

O mérito do filme é tratar dos dilemas do escritor de forma leve e inusitada, além de falar sobre arte, sem cair no pseudointelectualismo. Aliás, os falsos eruditos que colecionam avaliações cheias de pedantismo são personificados pelo amigo Paul, interpretado por Michael Sheen, e contrastam com a alegre Paris povoada por gênios escritores, pintores, músicos e cineastas.

O elenco é interessante. Além de Owen Wilson e Rachel McAdams, Carla Bruni, Kathy Bates, Marion Cotillard e Adrien Brody estrelam essa comédia de realismo fantástico. Há quem diga que se você não estiver familiarizado com nomes como Picasso, Hemingway e Buñuel pode perder a maioria das piadas. Independente de seu capital cultural, uma coisa é certa: Meia-Noite em Paris desperta aquela curiosidade de saber mais sobre esses artistas. E quando se trata de ampliar os horizontes, não pagamos pelo excesso de bagagem.

[author] [author_info]Por Carla de Freitas Heitgen Quem quiser ler outras críticas de cinema escritas pela Carla, acessem o blog dela no endereço: http://paperbabies.blogspot.com [/author_info][/author]

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