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Ah… esse Francisco…

Francisco Buarque de Hollanda nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944, filho do sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e de Maria Amélia Alvim. O pai, considerado um dos pilares da sociologia brasileira, ao lado de Caio Prado Júnior e de Gilberto Freyre, tinha uma estante recheada de livros, onde o menino Chico se esbaldava de ler. A mãe, pianista amadora, zelou pelo ambiente musical de todos os seus sete filhos. Heloísa Maria Buarque, mais conhecida como Miúcha, também faria carreira musical como cantora e compositora, além de Ana de Hollanda e Cristina Buarque, ambas como cantoras. Chico passou a primeira infância em São Paulo, na cola do pai que se mudara para lá com a missão de administrar o Museu do Ipiranga. Nos anos 50, a família mudou-se novamente, dessa vez para Roma, na Itália, onde Sérgio Buarque recebia diversas personalidades artísticas do Brasil, entre políticos, poetas e escritores (antes de ser parceiro de Chico, Vinícius de Moraes era amigo de seu pai e habitué da casa da família na Itália). O caldo cultural dos primeiros anos de vida de Chico e o seu dom natural para a música explicam muito da sua produção. Suas primeiras obras musicais foram algumas operetas que ele cantava na companhia das irmãs. Mas a grande transformação viria com a chegada da Bossa Nova e com o álbum Chega de Saudade, de João Gilberto, que marcaria para sempre os ouvidos e os sentidos do jovem Chico. Ele ouvia “Chega de Saudade” dia e noite, sem parar, além dos sambas tradicionais de Ismael Silva e Noel Rosa.

Primeiras composições

Talento na música…

A primeira música composta por Chico Buarque foi “Canção dos Olhos”, em 1959. Mas o próprio autor considera que o ponto de partida do seu portfólio musical foi a canção “Tem mais Samba”, de 1964, que compôs quando cursava arquitetura e urbanismo na FAU, na USP, curso que, aliás, não chegou a completar. Foi nesta época que ganhou o apelido de “Carioca” dos seus amigos paulistas, e que inclusive deu nome a um dos seus álbuns e a uma turnê. Um ano depois vieram os dois primeiros compactos: Pedro Pedreiro e Sonho de um Carnaval. Vieram também os festivais de TV e o contato com João Gilberto e Caetano Veloso. O Brasil fervia em intensa agitação política e cultural. Chico lançou seu primeiro álbum em 1966, chamado simplesmente Chico Buarque de Holanda, e marcado por sambas de simplicidade musical e letras de poética elaborada, sua marca registrada.

A repressão

… e na literatura

Foi também no fim dos anos 60 que a ditadura militar passou a persegui-lo, assim como a outros artistas que bateram de frente com o poder vigente. Em 1968, Chico escreveu a peça Roda Viva que ficou em cartaz no Teatro Galpão, em São Paulo, e que foi invadido, em plena apresentação da peça, pela polícia e por integrantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas). O incidente fez com que Chico se auto-exilasse na Itália por um ano, no que foi o momento financeiro mais difícil da sua carreira. A temporada italiana foi decisiva para que Chico explorasse outros tipos de música. Na volta ao Brasil, as influências haviam se expandido para muito além do samba-nostálgico dos anos 60, tanto na letras quanto na melodias. Em 1970, o compacto com a música “Apesar de Você”, um clássico de combate à ditadura, foi censurado após vender 100 mil cópias, e só seria gravado em LP oito anos mais tarde. Os problemas com a censura estenderam-se por toda a década 70 e, para evitar a perseguição e melhorar suas relações com os militares, Chico criou o personagem Julinho de Adelaide. Chico também se firmou como autor teatral. No final dos anos 70 e início dos 80 produziu bastante para cinema e teatro, em obras como “Vai Trabalhar Vagabundo”, “Ópera do Malandro” e “Bye, Bye, Brasil”; produziu também toda a trilha sonora do filme “Os Saltimbancos Trapalhões”.

As Diretas-Já

A produção musical de Chico Buarque nos anos 80 foi desacelerando, abrindo espaço para outras áreas de experimentação. Seu engajamento político, porém, continuou intenso: ao lado de seu pai, participou dos primórdios da fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT, fincando assim os pés na luta democrática do país. Em 1985, participou da campanha pelas Diretas Já. A partir dos anos 90, Chico passou a alternar a música e a literatura com distância temporal cada vez maior entre uma obra e outra. Em 1991, lançou o livro Estorvo, dois anos antes do disco Paratodos. O romance Benjamim chegou às livrarias em 1995, e em seguida veio o álbum As Cidades, em 1998. Budapeste, sua obra literária mais recente, foi lançado em 2004, dois anos antes do álbum e da turnê do Carioca.

Os famosos olhos azuis

Dono dos olhos azuis mais lindos que o sol já iluminou e profundo conhecedor da alma feminina, Chico compôs algumas das canções mais sensíveis de todo o vasto repertório da música popular brasileira. A sua obra é extraordinariamente bela. Vocês terão mais Chico em futuras publicações. Afinal, ele é unanimidade nacional.

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